5.6.06

I'm On Stand By.

Semana de muita reflexão. Nada tem acontecido de concreto, nothing exciting anyway. Casa->Trabalho->Casa, com uma saidinha ou outra pra tomar um drink a noite, ou uma espreguiçada no gramado de um parque se o tempo ajuda. Tenho lido o jornal de cabo a rabo, incluindo o caderno de esportes, que eu nunca antes tinha sequer pensado em abrir. E sabe de uma coisa? Futebol é um esporte invariavelmente interessante. E agora, em época de Copa do Mundo, esse hábito novo tem transformado pra melhor meus bate-papos com seres do sexo masculino, que ficam meio surpresos quando eu saio com uma frase tipo: "você viu aquele drible brilhante que o Ronaldinho fez em cima do John Terry aos 34 minutos do segundo tempo no jogo do Barcelona contra o Chelsea na Champions League?" É bom ter assuntos diferentes, principalmente quando o tema central das minhas conversas com os outros é: "E aí, o que você pretende fazer de agora em diante?"

Aquela preguiça/cansaço/tédio tem começado a se enraizar com força e enquanto me deixo levar, tento entender os motivos. Não precisa de nenhuma sessão de terapia freudiana pra entender o que está acontecendo. Simplesmente, o meu senso de objetivo acabou com a entrega da monografia. Enquanto eu estava fazendo essa faculdade, eu tinha o tempo ao meu favor: falta três anos ainda, falta dois, falta 10 meses, tenho tempo pra decidir o que vai acontecer quando eu terminar. Terminou e ainda não acendeu nenhuma lâmpadazinha em cima da minha cabeça, não tive nenhum momento "Eureka!". Eu ainda não abandonei aquela idéia adolescente de que só vale a pena viver/fazer as coisas se tiver paixão.

O problema é que eu não tenho paixão por nada em particular. Eu gosto MUITO MUITO de várias coisas. Tenho paixão talvez por encontrar uma paixão. Conta?

Não paixão no sentido romântico, you silly. Essa parte, graças a deus, tá resolvida e acertada, até que enfim. A paixão que eu falo tem a ver com objetivos, com idealismo, com a urgência de abraçar o mundo e escalar paredões, de sentir que vale a pena suar e se entregar. A paixão que eu senti quando eu aprendi a ler aos 5 anos, quando descobri o ballet aos 12, quando descobri o mundo clubber aos 16, quando resolvi sair do Brasil aos 20. Foi tudo em nome do coração que batia mais forte no peito, da adrenalina de saber que desafios e novidades requerem um fervor quase religioso pra serem conquistados.

Costumo pensar que tenho sorte, mais do que determinação. Se conquistei alguma coisa nessa vida, foi por entusiasmo por algo novo e interessante, invés de trabalhar duro. Eu nunca trabalhei duro por algo que eu não acreditei que valesse a pena. E o que me deprime mais é saber que a vida até pode ser feita de paixões, mas as paixões secam o tempo todo - e se não viram amor, não vão a lugar algum. Parece imaturo pensar assim a essa altura do campeonato, parece que ouço a eterna frase "Minha filha, se preocupe em assegurar o seu futuro e depois você faz o que gosta" ressoando em repeat mode no background. Mas não consigo me mover direito sem esse combustível.

Na minha cabeça não tenho planos no momento, mas como as pessoas precisam o tempo todo que você demonstre que sabe o que vai fazer no futuro, os "planos" são o seguinte: juntar o máximo de dinheiro que eu conseguir e conhecer o resto do mundo, ajudar pessoas em situações menos privilegiadas, aprender outra língua, escrever um livro/um filme, estudar mais um degree, e quem sabe, no final de tudo isso, voltar pra casa que eu ainda não tenho e arrumar um emprego fixo que satisfaça minhas carências financeiras e emocionais, construir um ninho e uma família, e viver em paz comigo mesma.

Bonito né? Isso pra mim é que é ter planos concretos.

1 comment:

manoela ebert said...

nossa, adorei esse seu texto :)
um beijo.