22.12.06

Em 2007...

fuck
journalism.
Daddy,
i'm
gonna
become
an
artist.

16.12.06

Water's wisdom

We're just two lost souls swimming in a fish bowl, year after year,
Running over the same old ground.
What have we found? The same old fears.
Wish you were here.

Plath's wisdom

"To the person in the bell jar, blank and stopped as a dead baby, the world itself is the bad dream. "

15.12.06

Jornalismo Brilhante

"Ano-Novo Terá Muito Branco e Brilho."

"Um mexicano se pendurou por ganchos para protestar contra a discriminação de pessoas tatuadas e com piercings. O manifestante não se feriu em sua apresentação."

"Saiba como fazer deliciosos carinhos nos seios."(com fotos e legendas).

"Cantora cubana posa de calcinha fio dental para revista."

ai ai. Ler o site de notícias do terra ás vezes é mais divertido do que assistir Little Britain .

Rock'n'Roll



Saí triste e eufórica da excelente peça "Rock'n'Roll", de Tom Stoppard, hoje a noite. Me fez ainda mais consciente do tempo passando rápido, voando, e do quanto esses anos, os meus 20 e poucos, 20 e tantos, são e serão os anos que eu vou lembrar o resto da vida com nostalgia. Desde os 17 anos, desde quando eu começei a ter sonhos de uma vida menos ordinária, eu tenho consciência da passagem do tempo. De que o momento é agora, que ser jovem significa isso tudo, e que passa num piscar de olhos. For fuck's sake, isso foi a 7 anos atrás. Foi a 4 anos atrás que eu resolvi jogar pro alto minha vidinha confortável em Curitiba a procura de liberdade e criatividade. E no entanto, só agora, 24 anos depois, é que estou finalmente experimentando liberadade criativa. SÓ AGORA, nesse período em que eu parei de fazer planos, estou descobrindo e desenvolvendo uma identidade própria. Sem a mídia, sem a família, sem os amigos, sem a nacionalidade, sem a cultura, sem NADA nem NINGUÉM me ditando o que fazer da minha vida. Eu não me identifico com a cultura brasileira, nem a americana, nem a inglesa, nem nenhuma, e não me importo com isso. Eu não sei mais o que meus amigos, o que a minha família, o que os meus chefes, pensam de mim, e não me importo com isso. A alguns anos atrás eu comecei a aprender do que eu não gosto. Esse ano eu comecei a aprender o que eu gosto. E não tem sensação melhor do que essa.

E voltando a peça, que fala sobre o rock como instrumento de reação política, da invasão da Checoslovákia nos anos 60/70, do gênio de Syd Barret e dos intelectuais de Cambridge, do eterno debate entre o valor da razão e do coração, eu pensei em como nossos tempos são outros. São fúteis e superficiais e efêmeros. Naquela época, nos anos 60 e 70, a música era um porto seguro, um muro de lamentações, uma parede onde se segurar e se proteger da opressão da sociedade. Política e cultura andava de mãos dadas, uma alimentava a outra. Hoje... hoje, nada. Hoje bandas não tem valor, fama é um questão de sorte do que a consequência de um propósito, música está em todo lugar e não tem impacto nenhum. Isso me deixa triste. Mas saber que eu estou aqui, no meio do turbilhão criativo, tendo a oportunidade de, talvez, fazer alguma diferença, me deixa feliz.

E assim sigo, triste, feliz, triste, feliz, triste, feliz......

11.12.06

Doll Parts

I want to be the girl with the most cake,
I fake it so real, I am beyond fake,
And someday you will ache like I ache.

So long

Lá se vai mais uma. Eu definitivamente não sirvo pra ter amizades femininas. Elas nunca duram muito tempo.

4.12.06

Letargia

Definitions of lethargy on the Web:

- a state of comatose torpor (as found in sleeping sickness)
- inanition: weakness characterized by a lack of vitality or energy
- languor: inactivity; showing an unusual lack of energy; "the general appearance of sluggishness alarmed his friends"


ok, here's the deal. Faz quase 5 meses que eu me formei e parece que isso aconteceu décadas atrás, de tão desconectada eu estou daquela época. Parece que foi um sonho longo e ruim, daqueles que grudam na memória quando deveriam mesmo é ter se desmaterializado e esquecido no momento que se acorda. Assim tem sido os últimos 5 meses de 2006: não sei se finalmente levei um beliscão e acordei de um sonho ruim, ou se finalmente tomei uma pancada na cabeça e fui colocada pra dormir. Porque por mais que os dias andam passando rápido, eu me movimento em slow motion. Quando eu penso na tese que eu escrevi lá longe em abril, eu mal consigo acreditar que fui eu que escrevi aquelas 50 páginas. Eu mal lembro como escrever textos acadêmicos, mesmo que tudo o que eu tenha escrito nos últimos 5 anos foram os malditos textos acadêmicos. Minha paisagem cerebral (mental landscape?) reduziu de velocidade. Tenho lido pouquíssimo, mas mesmo assim, esse pouquíssimo tem sido absurdamente inspirador. The Master & Margarita me tomou uns belos 3 meses e meio, mas as imagens das criaturas infernais beijando o joelho de Margarita durante o baile estão vivíssimas na minha cabeça. The Bell Jar da Sylvia Plath tem descido em doses remediais, mas cada capítulo parece estar espelhando a minha própria experiência pós-sonho-ruim, mesmo que tenha sido escrito a quase 50 anos atrás. Eu sou a Esther, sentada embaixo da figueira, vendo cada um dos figos encorpados e suculentos, recheados de possibilidades, caírem no chão e apodrecerem. É quase desesperador, e ao mesmo tempo letárgico. Por outro lado, desde que eu acordei, ou fui dormir, eu estou tomando meu próprio tempo pra absorver as coisas. Antes eu vivia com pressa: lia um livro por semana, via um filme atrás do outro, nunca ouvia mais de uma vez os zilhões de discos copiados no Ipod, me matriculava em um curso mais errado que o outro - e não sentia o impacto verdadeiro de nada. Sempre com pressa, tentando processar cada vez mais informação, sem ter efeito nenhum. Deve ser por isso que aos 24 anos eu estou exausta.

Deve ser por isso que faz quase meio ano que eu estou vagando, algo em torno de 140 dias respondendo a perguntas como: "e aí, o que você vai fazer da vida?" com: "não sei, e você?", sem realmente prestar atenção na resposta seguinte. Minhas maiores façanhas até agora tem sido empilhar revistas fashion no chão do quarto e acumular pontos no Dance Mat, aqueles tapetes com quadrados e setas coloridas que você liga no Playstation e fica saltitando em cima seguindo a rotina de passinhos. Meu passatempo favorito tem sido passar tardes inteiras assistindo as special features dos DVDs, onde diretores e roteiristas explicam como foi o processo de criação de suas devidas obras.

Ando de saco cheio de seguir regras. Tudo o que eu procuro agora é inspiração.