1.9.06

Cabeçadas

Acho que já é hora de voltar aqui. Ando sentindo falta de expôr em público minhas jornadas falhas, meus defeitos de caráter, e mau-gosto cultural. Minhas empreitadas que nunca levam a lugar nenhum. Antes eu tinha vergonha de dizer que as coisas não tinham dado certo, que foi tempo perdido, ou que frustração estava evaporando por todos os poros do meu corpo. Hoje, quer saber: foda-se. Levanto os dois dedos pra quem se importa ou acha ruim. Ando frustrada sim, mas não ando desanimada. Pra ser bem sincera, ando bem feliz até. Desde que eu finalmente reconheci que o rabo é meu e eu não devo satisfações pra ninguém do que faço com ele, parece que um peso saiu das minhas costas. Ando até tendo novas idéias, coisa rara nos últimos, hm, três anos.

Argh, os últimos três anos. É terrivelmente desolador olhar pra trás e constatar que se pudesse, faria ABSOLUTAMENTE tudo diferente. Não ter planos pro futuro dá nisso: fico só analisando o passado. E meu sangue ferve quando lembro de episódios estúpidos, que eu poderia muito bem ter evitado. Por que é que eu não abri a boca quando devia? Ou corri atrás do que eu achava interessante em vez de seguir a cabeça dos outros? AHHHHH! Tem dias que eu tenho vontade de me estapear.

Maaas, como todo mundo responde cada vez que eu desando a falar sobre isso, "o importante é que você aprendeu com teus erros." Tá, tá. Bollocks pra isso. Queria mesmo é que existisse um jeito de eu apagar essas memórias, ou que uma máquina no tempo me transportasse de volta com essa mesma consciência de hoje pra eu poder mudar tudo. Arrependimento não mata, mas dá vontade de bater a testa na parede.

Que aliás, eu bati. Não de propósito, e não na parede. Fui me abaixar pra tirar as roupas da máquina de lavar, ainda meia dormindo, e dei com a cabeça na pia da cozinha. Bizarro esse negócio, eu sei. Não o de bater a cabeça, o de a máquina de lavar roupa ser embaixo da pia da cozinha. Meia hora depois ainda fui pegar um dos gatos do chão pra cortar a unha dele - tem sofá novo em casa - e dei outra cabeçada. Dessa vez na testa do J. que tentou pegar o gato ao mesmo tempo. Passei uma semana com um calombo arroxeado um pouco acima da sobrancelha esquerda.

***

Desde que eu roubei o CD da Lily Allen lá da redação da Jungle, não consigo parar de escutar. Eu não tinha entendido o hype todo em cima da menina, só sabia que era outro fenômeno vindo do MySpace. Agora entendi tudo. Não só a voz da moça é boa, mas as letras são excelentes. É uma arrancada sarcástica, desbocada e debochada atrás da outra, todas atiradas de uma maneira suave mas não menos certeira. E todas narram a rotina e os percalços de viver em Londres. Eu me reconheci em pelo menos 5 músicas. Em tempos como esses em que a música pop anda descabeçada e sem graça, Lily Allen é mais do que bem vinda. To Hell with Paris Hilton.

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