14.4.06

Preconceito?



Tá rolando uma briga bem interessante entre os jornais. O Guardian, no começo da semana, ficou mordido com a crítica que o The Sun fez ao príncipe William por ter se vestido de Chav numa festa de encerramento do primeiro termo do nobre no exército. "Chavs" , pra quem não sabe, são a representação mais baixa e repugnante da classe trabalhadora (ou pobre) britânica. Vivem vestidos de abrigos da Nike, ou qualquer outra marca esportiva famosa, não se separam de suas imitações baratas de bolsas Louis Vuitton e acessórios (principalmente bonés) da Burberry, e costumam empilhar correntes e brincos dourados no pescoço e nas orelhas. As mulheres normalmente colecionam piercings espalhados pelo rosto e costumam prender o cabelo num coque tão puxado que o rosto chega a esticar, enquanto os homens costumam colecionar tatuagens mal-acabadas. Ambos moram em apartamentos do governo (council houses), e costumam ter mais de 50% do já limitado vocabulário composto de palavrões. Não têm o hábito de estudar ou trabalhar, mas são especialistas em arrumar briga na saída do pub, fumar até cair os dentes, e produzir filhos (quanto mais melhor) antes dos 14 anos. São (minha definição) os sanguessugas do governo.

Pois bem, o The Sun insinuou, não, afirmou que era um absurdo o príncipe se rebaixar ao nível da escórgia nacional. O Guardian foi lá e disse que não entendeu como o tablóide teve coragem de publicar um artigo que ofende a maioria dos próprios leitores (o The Sun é o jornal mais vendido do país, e a leitura de cabeceira de classe proletária), e condenou a volta do "esnobismo", o hábito da classe privilegiada de rir da cara da classe mais baixa. Ontem, o The Times, rebateu a crítica do Guardian (que aliás, é um jornal com a linguagem menos acessível e o público mais alto-nível de todos), dizendo que absurdo mesmo era achar que os Chavs são produtos da própria sociedade e sentir pena de um grupo de pessoas que na verdade escolheu ser o que são - incetivados pelo próprio governo, que cobre o cidadão de benefícios mal o primeiro obstáculo aparece. O Times, que é um jornal de direita, anti-blair, terminou dizendo que, quer saber, tem que rir da cara deles mesmo - pra não chorar.

Achei ótimo. Da minha parte, sou a favor do argumento mais conservador do Times. Eu moro num bairro que tem metade da população composta de Chavs: é só dar uma passeadinha na high-street, a rua principal, e fica difícil não esbarrar em um dos inúmeros carrinhos de bebês sendo empurrados por meninas que mal saíram da puberdade, ou não ver grupos de moleques bebendo as 10 da manhã e acendendo cigarros dentro do ônibus, onde sabem que é proibido fumar. É impossível sentir pena deles, principalmente sabendo que esse é um grupo de pessoas que têm oportunidades que ninguém num país de terceiro mundo têm, e mesmo assim, escolhem tirar proveito só daquilo que os convém. Por isso a infinidade de filhos e a rejeição ao trabalho: pais desempregados recebem dinheiro do governo por tempo indeterminado.

O Reino Unido é um país que só prospera, com uma taxa de desemprego baixíssima, com escolas disponíveis pra todos: qualquer um, principalmente cidadãos, que quiser arrumar trabalho e estudo, consegue. Não é falta de oportunidades: é preguiça mesmo.

Sou anti-Chav total.

3 comments:

Anonymous said...

Thais,adorei.tb sou anti-chav total moro em bermondsey "agora" e todos vivem la.Nao so os chavs mas os "scallies" tb que e uma outra variacao.O pior e quando os "tipinho" tem a pachorra de pedir um troquinho. da vontade de descer do tamanco e partir pra briga.....mas prefiro rir por dentro.

Adriana Amaral said...

eu concordo contigo menina... odeio essa coisa de "coitadinhos", ainda mais nesse caso. bjos

Anonymous said...

thais, que orgulho! tu anda se dedicando mto pro blog! you go girl.
chavs nao tao com nada... malditos que escutam musicas bagaceiras nos seus celulares nos onibus lotados. grrrrr
xx
Mari